Como será o mundo do trabalho em 2022? Infelizmente, não podemos esperar um mundo onde a covid-19 ainda não continue a moldar o modo que vivemos . Mais cautelosas do que nunca, as empresas estão agora lidando com novos aspectos da pandemia, adaptando novamente as formas de trabalho. Entretanto, também há mudanças positivas sendo implementadas pelas companhias.
De acordo com Felipe Calbucci, diretor de Vendas do Indeed no Brasil, entre estas novas tendências podemos destacar a consolidação do modelo de trabalho híbrido, horários flexíveis e um foco no bem-estar dos funcionários. "Parece haver um novo entendimento entre os profissionais de RH sobre como destacar o melhor dos funcionários, inclusive em termos de produtividade, que está principalmente relacionado à saúde individual, mental e física, em vez de apenas aos objetivos corporativos", comenta.
Com esta nova lógica de gestão, aqui estão algumas das tendências que o Indeed acredita que estarão presentes este ano no mercado de trabalho.
1. Locais de trabalho remotos/híbridos e horários de trabalho flexíveis
As novas ondas da pandemia atrasaram as expectativas de muitas empresas de voltarem ao escritório e, assim como um "novo normal" nos apresentou a possibilidade de mudar "de onde" trabalhávamos, em 2022 as empresas parecem estar abertas para serem mais flexíveis também sobre "quando" trabalhamos.
Em uma pesquisa recente realizada no Brasil com mais de 730 profissionais brasileiros, o Indeed descobriu que, para 60% dos entrevistados, a produtividade aumentou desde que começaram a trabalhar remotamente. De acordo com Calbucci, as empresas parecem estar entendendo que formalidades como horários de expediente e sentar-se à mesa de escritório não garantem o engajamento no trabalho realizado. "De fato, 20% dos entrevistados sugerem que mais empregadores deveriam oferecer empregos com opções de trabalho flexíveis incorporadas desde o início, bem como adotar medidas modernas como quatro dias de trabalho semanal, subsídio de férias ilimitado e licença sabática não remunerada", acrescenta Calbucci.
2. Saúde mental e bem-estar entre as prioridades
Por outro lado, os novos modelos de trabalho também levantaram questões de saúde mental e bem-estar, nem sempre com muitos dados positivos. A mesma pesquisa citada acima constatou que 18% dos entrevistados sentiram que sua saúde mental se deteriorou durante o trabalho a distância, e 31% disseram não se sentir apoiados por seu empregador.
Este não é um tópico novo e, no último ano e meio, as empresas utilizaram táticas diferentes para lidar com as preocupações de saúde dos funcionários. Dias dedicados à saúde mental, terapia gratuita ou subsidiada, e até mesmo tempo de descanso, podem ser destacados como algumas das principais ações práticas tomadas. Para Calbucci, em 2022, estas não serão mais percebidas como "vantagens" ao comparar uma oportunidade de trabalho com outra, mas, sim, requisitos para até mesmo considerar uma aplicação.
Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde mudou a classificação da Síndrome de Burnout, que passa a ser oficialmente considerada uma doença de trabalho. Na prática, as empresas se tornam mais responsáveis pela saúde mental dos funcionários.
3. Empresas desenvolvendo maiores esforços para atrair e reter talentos
Para muitos, a pandemia ofereceu uma nova visão sobre as próprias prioridades e objetivos de vida, mudando-os, às vezes radicalmente, e tomando ações como desistir completamente de suas posições em busca de algo melhor.
Nesse cenário, os empregadores precisam ter em mente o que podem fazer para evitar perder seus melhores talentos. Algumas empresas já entraram em ação, aumentando seus salários e construindo seus pacotes de benefícios. Outras têm experimentado ainda mais, oferecendo vantagens como opções de ações ou incentivos de bem-estar financeiro. Entretanto, estes incentivos econômicos podem não ser suficientes: "Os trabalhadores sentem que o significado de "sucesso" mudou e agora estão priorizando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, saúde mental e ter um emprego com significado ao invés de apenas um salário maior", reflete Calbucci.
4. Soft skills para ganhar mais reconhecimento no local de trabalho
As chamadas soft skills são aquelas que vão além das habilidades técnicas e mensuráveis, e geralmente estão relacionadas à comunicação, traços de personalidade, inteligência emocional, colaboração e pensamento crítico. Para este ano, as empresas devem contar ainda mais com estas habilidades, não apenas com profissionais de RH, mas em todos os setores, especialmente em um contexto de trabalho remoto, para melhorar e manter o ambiente de trabalho. Alguns exemplos de soft skills relevantes são habilidades de negociação, habilidades interpessoais, empatia, liderança, organização e autogestão.
Quaisquer que sejam os desafios , Calbucci está otimista. "É claro que a pandemia trouxe mudanças abruptas muito rapidamente, mas para este novo ano estamos caminhando para dois anos nesta situação, e não temos motivos para acreditar que não podemos nos adaptar e sair ainda mais fortes com as lições que aprendemos."
Metodologia
A pesquisa foi realizada pelo Indeed com 739 profissionais brasileiros, que estão empregados ou em busca de emprego, para investigar a situação atual do trabalho no Brasil e como o trabalho remoto durante a pandemia estabeleceu novas expectativas para os próximos anos em relação à forma como as pessoas trabalham. A pesquisa foi conduzida através de um painel online em novembro de 2021.